quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O velho barbudo, nosso Machado!

Apreciem Machado de Assis.

Série "Bons Dias". 13 de Janeiro de 1889. Gazeta de Notícias.

BONS DIAS!
Eu, se fosse gatuno, recolhia-me à casa, abria mão de vício tão hediondo, e ia estudar o hipnotismo. Uma vez amestrado, saía à rua com um ofício honesto, e passava o resto dos meus dias comendo tranqüilamente sem remorsos nem cadeia.
Foi o que fiz agora sem ser gatuno; gastei dias metido no estudo desta ciência nova. Tivesse a menor inclinação para ratoneiro, e nunca mais iria às algibeiras dos outros, aos quintais, às vitrines, nem ao famoso conto do vigário. Faria estudos práticos da ciência.
Dava, por exemplo, com vivos, e lesto, dizia comigo:- Este é o Visconde de Figueiredo. Metia-o por sugestão no primeiro corredor, ele mesmo fechava a porta, por sugestão, e eu dizia-lhe, como Gassner, que empregava o latim nas suas aplicações hipnóticas:
Veniat agitatio brachiorum.
O visconde agitava os braços. Eu em seguida bradava-lhe:
—Dê-me V. Ex.a as notas que tiver aí no bolso, o relógio, os botões de ouro e qualquer outra prenda de estimação.
S. Ex.a desfazia-se de tudo paulatinamente: eu ia recebendo devagar; guardando tudo, dizia-lhe com persuasão e força:
— Agora mando que se esqueça de tudo, que passe alguns minutos sem saber onde está, que confunda esta rua com outra; e só daqui a uma hora vá almoçar no restaurant do costume, à cabeceira da mesma mesa, com seus habituais amigos.
Depois, à maneira do mesmo velho Gassner, fechava a experiência em latim:
Redeat ad se!
S. Ex.a tornava a si; mas já eu ia na rua, tranqüilo, enquanto ele tinha de gastar algum tempo, explicando-se, sem consegui-lo.
Seriam os meus primeiros estudos práticos; mas imagine-se o que poderia sair de tais estréias. Casas de penhores, ourives, joalherias. Subia ainda; ia aos tribunais ganhar causas, ia às câmaras legislativas obter votos, ia ao governo, ia a toda parte. De cada negócio (e nisto poria o maior apuro científico), compunha uma longa e minuciosa memória, expondo as observações feitas em cada paciente, a maior ou menor docilidade, o tempo, os fenômenos de toda a espécie; e por minha morte deixaria esses escritos ao Estado.
Por exemplo, este caso das meninas envenenadas de Niterói — ...Estudaria aquilo com amor; primeiro o menino que aviou a receita. Indagaria bem dele se era menino ou boticário. Ao saber que era só menino, mas que com cinco anos e a graça de Deus, esperava chegar a boticário, e, talvez, a médico da roça, — mostrar-lhe-ia que a fortuna protege sempre os nobres esforços do homem; e assim também que, para salvar mil criaturas, é preciso ter matado cinqüenta, pelo menos. Em seguida, tendo lido que o vidro do remédio fora mandado esconder por um facultativo, achá-lo-ia, antes da polícia, por meio hipnótico, e este era o meu negócio. Exposto o vidro, na Rua do Ouvidor, a dois tostões por pessoa... E verdade que tudo poderia já estar esquecido, ou por causa do assassinato do Catete, ou até por nada.
Tudo feito, chegaria a morrer um dia, e mui provavelmente São Pedro, chaveiro do céu, não me abriria as portas por mais que lhe dissesse que os meus atos eram puras experiências científicas. Contar-lhe-ia as minhas virtudes; ele abanaria a cabeça. Pois aí mesmo aplicaria o novo processo.
Veniat agitatio brachioram!
São Pedro, mestre dos mestres na língua eclesiástica, obedeceria prontamente à minha intimação hipnótica, e agitaria os braços. Mas como, então, não via nada, eu passaria para o lado de dentro; e logo que lhe bradasse de dentro: —Redeat ad se, ele acordaria e me perdoaria em nome do Senhor, desde que transpusera o limiar do céu.
Esta é a diferença dos dois mistérios póstumos: quem entra no inferno perde as esperanças, quem entra no céu conserva-as integralmente. Servate ogni speranza, o voi ch'entrate!
Boas noites.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Esperança x Desolação


Lado a lado. Aquele que quer mudar o mundo e aquele que já fez isso. O primeiro quer consertar os erros do segundo, que como eu disse, "mudou o planeta".

O ilustre presidente Bush fez com que milhares, talvez, milhões de pessoas sentissem ainda mais horror pelos americanos. E o irônico é que muitos desses cidadãos não têm culpa, pois não votaram naquele que veio a ser o pior presidente dos EUA.

Bush e Obama ou Obama e Bush, depende do seu ponto de vista, prefere a notícia ruim antes da boa ou a boa antes da ruim?! O fato é que Obama tem grande responsabilidade em tentar mudar a imagem daquele país, destroçada sim, por uma série de atitudes irracionais e até hoje sem explicações plausíveis. As famosas armas químicas e biológicas nunca encontradas, mas que sustentam a presença de soldados americanos no Iraque, ou ainda a tentativa de mostrar um culpado real para o mundo, como foi a caça à Bin Laden, que neste momento pode estar revendo o fracasso chamado Bush saindo pela porta dos fundos sem nenhuma popularidade.

Não será uma tarefa fácil para Obama, mas nós acreditamos em um mundo melhor, sem guerras, sem injustiça, sem discriminação, sem racismo, e etc etc etc; e porque não sem os EUA como potência mundial. Talvez o Brasil.

Vai Brasilllllll!!!!!!!


Saudações a todos os anti-Bush.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Confesso...

... que pela primeira vez na minha vida andei de trem aqui no Rio! Hoje tive que estar em Bangu. Nada mais natural que pegar este tipo de transporte.
Ao chegar na bilheteria, perguntei: "Como faço pra ir pra Bangu?"
De maneira muito tradicional: "1A."
Pensei: "Vou chegar na plataforma e voilà, encontro a 1A."
E não é que era simples assim.
Esperei não mais que três minutos e o prateado chegou (mas com um toque de azul).
Embarquei.
Para a minha surpresa, era "limpo" e ainda tinha ar condicionado.
Fui no bem-bão.
Ao chegar em Bangu, bem, não havia climatização.
Mas tudo bem, para quem já tinha ido sem suar.
Fiz o que tinha que fazer e retornei (almocei por lá, aliás, comida boa, mas não farei propaganda).
Ao retornar fui de novo até a bilheteria, só que dessa vez já sabia o que fazer: "1B." (Esqueci de dizer, né, o lado A era para ir e o B para voltar, isso eu identifiquei logo que desci.)
É, não tinha 1B, mas também não tinha outra opção: era 2A ou 2B.
Esperei os mesmos, no máximo, três minutos de antes. Entretanto, dessa vez não tinha refrigeração.
Descobri porque Bangu tem a fama de ser quente.
Mas não foi só Bangu, todas as estações estavam quente.
...
Cheguei na estação de São Cristóvão, aquela que eu devia descer.
Ao me levantar, hum, estava meio molhado, e não era xixi.
Oh calor!!!

Saudações quentes.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Você se acha útil?

Quando nos deparamos com um quarto escuro a primeira coisa que fazemos é procurar um interruptor para acender a lâmpada. Porém, se esta não acende logo queremos um nova para substituir a antiga que não funciona mais, ou seja, ela perdeu a sua utilidade.
E isso serve para qualquer objeto. Todos têm uma garantia, um tempo de uso e que depois se torna inútil.
Algumas pessoas ficam a brigar quando lhe chamam de inúteis. E ficam alegres ao ouvirem que são úteis. Eu não quero nenhum desses adjetivos. Quero ser importante!
Se eu sou útil para alguém, significa dizer que eu tenho uma duração, uma validade e ao perdê-la estarei caindo na inutilidade. Mas se eu sou importante para alguém, ah, ai eu fico feliz em saber, pois sei que, independente do estado em que eu esteja, continuarei sendo vital em sua vida.

Saudações úteis.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Brasil!

Apesar de já ter escrito hoje, fui, praticamente, forçado a estar aqui de novo.
Ainda pouco sai e tomei um sorvete.
Na hora de pagar dei uma nota de 20 reais sem saber qual era o valor exato do mesmo.
O rapaz me pediu, então, 35 centavos e eu, sem perguntar ainda o preço, entreguei a quantia (sendo uma moeda de 25 centavos e duas de cinco).
4 segundos depois o rapaz me devolveu as duas de cinco e disse que só precisava da de 25.
Eu então indaguei: "Qual o valor do sorvete?"
O rapaz nada disse, apenas colocou o troco com a nota na minha mão.
Observei que custava 4 reais e 75 centavos e me deparei com o seguinte troco: uma nota de dez reais, uma nota de cinco reais e duas moedas de 25 centavos...

Brasil!

Saudações a todos os brasileiros.

Ler para que?

Todos falam que ler é bom. Eu discordo!
A leitura por si só não cria laços, ao contrário, afasta aqueles que não queriam ler, mas foram forçados a fazê-lo. Buscar o conhecimento eliminando a ignorância deve ser o objetivo máximo. O que falta entre todos que dizem "ler é bom!" é alegar que o conhecimento nos liberta, nos faz sair da caverna.
Criei controvérsias. Muitos já se perguntam: "Mas as pessoas dizem isso, eu já li". Por que será então que o brasileiro continua preferindo a novela? Por que o brasileiro não abre um livro às 21h? Porque na mente dele, o livro não traz nada. Apenas serve para gastar o primordial tempo.
Ensiná-lo a pensar, a buscar a razão dos fatos, a perscrutar, esta deve ser a missão daqueles que já caminham.
Ler é bom, mas com um propósito!

Saudações aos não-leitores.